Anomalia em incisivo lateral dens invaginatus, Tratamento endodôntico em dente incisivo lateral com dens invaginatus
Paciente foi indicado pela clínica de ortodontia após observação radiográfica de lesão periapical extensa no dente 22. Paciente queixou-se de dor na região gengival superior esquerda.
No exame radiográfico e tomografia observou-se a anomalia dens invaginatus no referido dente.
Realizou-se descontaminação e preparo do canal principal e do segundo “canal” com hipoclorito de sódio 2,5%, agitação com ultrassom, aplicação de laser de baixa potência em terapia fotodinâmica, seguidos de medicação com Bio C Temp.
Na segunda sessão, após um mês, houve remissão dos sintomas e então foi realizada a obturação com guta percha, Bio C Repair e Bio C Sealer (Angelus).
Caso conduzido pelas alunas Flávia Furquim, Edilaine Pereira e Priscila Brito, do curso de especialização em endodontia da APCD Bragança Pta.
Dens in dente, in: Silva et. al.Tratamento endodôntico de um incisivo lateral maxilar: um caso raro de dens invaginatus tipo II duplo. Dental Press Endod. 2014 May-Aug;4(2):79-82
Introdução
Dens in dente, também conhecido como dens in dens ou dens invaginatus (DI), é uma anomalia do densenvolvimento que resulta da invaginação do órgão do esmalte para dentro da papila dentária, começando pela coroa e, algumas vezes, se estendendo à raiz, antes que a calcificação ocorra. A incidência dessa anomalia é relatada entre 0,04 e 10%, e comumente ocorre nos incisivos laterais superiores permanentes,
seguidos dos incisivos centrais superiores, pré-molares, caninos e, menos frequentemente, molares.
DIs podem ser classificados de acordo com a severidade, sendo a classificação mais aceita a de Oehlers, de 1957, que descreve três tipos de DIs para os dentes anteriores: tipo I, quando a invaginação é confinada dentro da coroa; tipo II, quando a invaginação nvade a raiz, terminando como um fundo cego, com a possibilidade de conexão com a polpa dentária; e tipo III, quando a invaginação penetra através da raiz, se estendendo à região apical.
Dentes acometidos por DI estão associados a um alto risco de doença pulpar e suas sequelas — isso é, necrose pulpar e periodontite apical —, uma vez que a invaginação permite a entrada de bactérias e agentes irritantes, e pode se comunicar diretamente com o espaço pulpar
e/ou por meio de uma fina camada de esmalte e dentina deficientemente desenvolvidos. O DI tipo III também pode causar periodontite apical sem envolvimento pulpar.
O tratamento dentário é, frequentemente, necessário, uma vez que a invaginação permite o acesso de irritantes dentro do espaço pulpar ou dentro de uma área conectada aos tecidos perirradiculares. Várias técnicas têm sido relatadas na literatura para o tratamento de dentes com DI, incluindo o tratamento endodôntico não cirúrgico, a cirurgia endodôntica e a extração. O sucesso pode, ainda, ser fortemente dependente da morfologia
interna do dente afetado, que é extremamente variável e pode ser difícil de ser reconhecido clinicamente.
Anomalia em incisivo lateral dens invaginatus