Reabsorção interna. Paciente foi indicado pela clínica de ortodontia após observação radiográfica de lesão periapical extensa no dente 22. Paciente queixou-se de dor na região gengival superior esquerda.
No exame radiográfico e tomografia observou-se a anomalia dens invaginatus no referido dente.
Realizou-se descontaminação e preparo do canal principal e do segundo “canal” e medicação com Bio C Temp.
Na segunda sessão, após um mês, houve remissão dos sintomas e então foi realizada a obturação com guta percha, Bio C Repair e Bio C Sealer (Angelus).
Caso conduzido pelas alunas Flávia Furquim, Edilaine Pereira e Priscila Brito, do curso de especialização em endodontia da APCD Bragança Pta.


Reabsorção interna in: Rodrigues et al. Reabsorção interna. Revisão de literatura.Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.05. maio. 2022.
Quando se trata acerca dos elementos dentários, pode-se destacar que alguns fatores de desequilíbrio no funcionamento das estruturas são condições recorrentes, que podem desencadear em processos patológicos ao indivíduo. Entre esses aspectos, cabe citar o mecanismo de reabsorção óssea, caracterizado pela destruição de partes de estruturas dentárias mineralizadas, devido ao resultado da ação de células especializadas, os osteoclastos.
Esse processo pode ter origem por fatores fisiológicos, patológicos ou de forma espontânea. (GRATÃO, 2018) Os osteoclastos constituem células grandes multinucleadas que promovem a reabsorção óssea nos tecidos mineralizados. Em normalidade, a região pulpar e a superfície radicular encontram-se protegidas da atividade clástica. Entretanto, em situações de dano ao tecido protetor, pode-se desencadear o deslocamento dos odontoblastos e cementoblastos, tornando o tecido mineralizado suscetível à ação dos clastos. (ALANE, 2018) Ademais, cabe destacar que há duas classificações para a reabsorção radicular, podendo ser interna ou externa.
A reabsorção radicular externa é, consoante Endo et al (2015), mais comumente observada em casos clínicos e se manifesta por meio da danificação de áreas mineralizadas da superfície radicular. Já o processo de reabsorção radicular interna consiste em um caso mais raro, que decorre da reabsorção da superfície interna da cavidade pulpar, tendo os traumas e processos infecciosos como principais causas dessa desordem. (ALMEIDA, MARTINS, 2012). Estas reabsorções dentárias intracanal, também chamada de odontoblastoma ou granuloma interno, sendo a mais comumente e frequente a denominada de reabsorção radicular interna que simula um processo patológico de caso raro na qual incide a reabsorção da face interna da cavidade pulpar(LOPES & SIQUEIRA, 2015).
Seu aspecto histológico,é caracterizado pela presença de tecido de granulação, altamente vascularizado, que consiste em uma inflamação causada pelos linfócitos, histiócitos e leucócitos(SOARES & QUEIROZ, 2002). Entre os fatores etiológicos relacionados, segundo a maioria dos autores, o trauma é o principal causador da reabsorção radicular interna, seguido pelas cáries dentárias, infecção periodontal, preparos restauradores profundos, movimento ortodôntico impróprio, bruxismo e procedimentos iatrogênicos (RUIZ, REZENDE & COELHO, 2002). De maneira habitual, os processos de reabsorção radicular são assintomáticos, o que retarda o reconhecimento precoce da disfunção apenas por meio da anamnese realizada ao paciente. Com isso, a identificação também depende do encaminhamento a exames de imagens radiográficas, especialmente a radiografia periapical. Além disso, para efetivar odiagnostico diferencial entre a classificação de reabsorção radicular interna e externa, podese solicitar o exame de tomografia computadorizada, na qual a reabsorção radicular interna se expressa por meio de uma expansão, de caráter ovoide, em região de polpa. (CÂMELO et al, 2019).
Em relação à conduta terapêutica, segundo Santos (2019), como tratamento para essa desordem, utiliza-se o tratamento endodôntico, por meio da obturação do canal radicular. Por isso, deve-se destacar a importância do diagnóstico precoce, tendo em vista que quando não há a realização do tratamento adequado, tais situações podem suscitar consequências irreversíveis para o elemento dentário. (ENDO et al, 2015)
Reabsorção interna