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Traumatismo dental. Fratura coroa raiz não complicada.

Traumatismo dental. Fratura coroa raiz não complicada.

Paciente sexo masculino, 15 anos, procurou atendimento na clínica queixando-se de dente fraturado e relatando trauma praticando esportes há 15 dias.

No exame clínico, coroa retida por tecido periodontal na região palatina, aspecto típico de fratura coroa raiz. Os testes clínicos de canino a canino não revelaram quaisquer alterações nos demais dentes.

Após a anestesia e remoção do fragmento, observou-se exposição da câmara pulpar. Realizou-se aumento de coroa e posterior isolamento e tratamento endodôntico completo. Em seguida foi removida a porção palatina seguida do condicionamento do fragmento coronário e dente e a colagem realizada. O paciente foi orientado para o retorno para revisão e acabamento estético além de proservação por longo período.

Após 1 ano, observa-se normalidade dos tecidos periodontais e ausência de sinais e sintomas.

Caso conduzido na clínica de especialização em endodontia na HPG Brasília, em conjunto com a Profa. Simone Sadalla.

fratura coroa
fratura coroa
Fratura de coroa

Traumatismo dental. Fratura coroa raiz complicada. In: Machado, Ricardo. Endodontia: Princípios Biológicos e Técnicos. Disponível em: Grupo GEN, Grupo GEN, 2022.

Introdução

As lesões traumáticas dentoalveolares constituem um problema de saúde pública devido à sua alta prevalência, sobretudo em crianças e adolescentes (3,9 a 58,6%). Mais de um bilhão de pessoas já sofreram algum tipo de traumatismo dental e, no Brasil, o último estudo realizado demonstrou que 20,5% dos indivíduos na faixa etária de 12 anos apresentavam pelo menos um incisivo traumatizado. Apesar de se conhecer a etiologia das lesões traumáticas dentoalveolares, os programas de prevenção e controle não são realizados adequadamente e, portanto, não surtem o efeito desejado.

Os cuidados imediatos (que antecedem a atuação do cirurgião-dentista) e as condutas profissionais subsequentes influenciam sobremaneira o prognóstico a longo prazo. A agressividade do traumatismo e/ou a instituição de abordagens inadequadas podem causar ou contribuir para a ocorrência de significativos comprometimentos estético-funcionais considerando-se, inclusive, a possibilidade de perda dos dentes envolvidos, o que pode prejudicar o desenvolvimento biopsíquico e emocional do paciente.

A despeito do notável desenvolvimento técnico-científico ocorrido na Odontologia nas últimas décadas, as alternativas de tratamento para resolução estética dos traumatismos dentoalveolares são limitadas. Como a maior parte dos pacientes encontra-se em franco desenvolvimento craniofacial, intervenções provisórias podem ser necessárias antes da realização de reabilitações definitivas.8 Outrossim, abordagens multidisciplinares e acompanhamentos longitudinais são fundamentais para que dificuldades e sequelas tardias sejam superadas e diagnosticadas, respectivamente.

A seguir, serão expostos fundamentos filosóficos, biológicos e técnicos para o tratamento de lesões traumáticas dentoalveolares.

Fraturas coronárias de esmalte e dentina com exposição pulpar (complicadas)

Nas fraturas coronárias complicadas, há perda de esmalte e dentina, com exposição do tecido pulpar ao meio oral. Invariavelmente, a polpa desenvolve uma resposta inflamatória desencadeada por agentes bacterianos e seus subprodutos, além de mediadores químicos estimulados pela própria dilaceração tecidual. Esse processo resulta na formação de um tecido hiperplásico localizado e com profundidade de cerca de 2 mm, desde que o feixe vasculonervoso apical não tenha sido rompido.

Além disso, a própria exposição pulpar permite a drenagem do edema inflamatório, impedindo o aumento da pressão no interior desse tecido. Contudo, longos períodos de exposição podem levar a um quadro inflamatório mais intenso e profundo, com formação de microabscessos na polpa. Assim, a intervenção profissional deve ser realizada com a maior brevidade possível, com vistas à preservação de sua vitalidade.

Traumatismo dental

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