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Perfuração de furca. Selamento com MTA.

Perfuração de furca com selamento com MTA.

Paciente, assintomático, foi indicado por colega que relatou ter notado sangramento típico de perfuração na região da furca ao tentar a cirurgia de acesso no dente 16. O diagnóstico era de polpa e periápice normais, com tratamento indicado por exposição pulpar durante remoção de cárie.  Radiograficamente observa-se a imagem de canais radiculares atresiados. Após o término da cirurgia de acesso, foi verificado que a perfuração se localizava na furca, sobre a entrada do canal DV, praticamente inexistente radiograficamente, o que impossibilitou sua localização e tratamento. Os demais canais foram tratados e a perfuração foi selada com MTA e a câmara pulpar selada.

Foi utilizado grampo plástico para possibilitar melhor observação na região da furca.

O paciente foi alertado para a necessidade de proservação clínica e radiográfica.

In: Machado, Ricardo. Endodontia: Princípios Biológicos e Técnicos. Disponível em: Grupo GEN, Grupo GEN, 2022:

Acidentes e complicações durante a abertura ou acesso coronário
A abertura, ou acesso coronário, é a primeira fase do tratamento endodôntico e caracteriza-se por um conjunto de procedimentos que proporciona o acesso à cavidade pulpar para localização e preparo das entradas e dos terços iniciais dos canais radiculares. Seu principal objetivo é possibilitar aos instrumentos endodônticos livre acesso ao terço apical ou à região da primeira curvatura.

Os acidentes mais frequentemente observados durante o acesso endodôntico são as perfurações coronárias.

Perfuração coronária
Comunicação acidental entre a câmara pulpar e o meio oral e/ou tecidos perirradiculares.

Principais causas
Inobservância do grau de inclinação do dente e/ou instituição de inadequada direção de trepanação, uso de brocas de diâmetro incompatível com o volume coronário, inexperiência e/ou falta de habilidade do operador.

Medidas preventivas
A prevenção das perfurações coronárias pauta-se sobretudo, na instituição de um correto planejamento com base em um criterioso exame clínico-radiográfico, e em conhecimentos sobre anatomia e morfologia dental.

Diante de dúvidas, radiografias com diferentes angulações horizontais devem ser realizadas. Para casos ainda mais críticos, a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) proporciona a visualização tridimensional dos dentes sem sobreposição de estruturas anatômicas e maior riqueza de detalhes.

Após o acesso à câmara pulpar com broca esférica, recomenda-se a utilização de brocas com ponta inativa, como Endo-Z, 3082 e 3083, para determinação da forma de contorno. O preparo da entrada dos canais deve ser realizado com broca Largo ou instrumentos específicos (abridores de orifício, Orifice Shapers etc.).

Para dentes com câmara pulpar e/ou canais atrésicos, pode-se ampliar a abertura coronária para obter melhor luminosidade e visualização. Nesses casos, o uso de lupa ou microscópio operatório associado a insertos ultrassônicos e/ou brocas de haste longa é fortemente recomendado, bem como a aplicação de corantes para diferenciação entre os tipos de dentina, visando à execução de desgastes mais seguros. O acesso facilitado a canais calcificados tem sido alcançado a partir da “Endodontia guiada”. Para mais detalhes, recomenda-se a leitura do Capítulo 35, Endodontia Guiada por CAD/CAM – Endoguide 3D.

Diagnóstico


As perfurações coronárias podem ser identificadas por meio de sinais característicos, como dor quando a área é contatada (mesmo com o paciente anestesiado), sangramento, sensação de queimação ou gosto ruim relatados pelo paciente durante e/ou após irrigação com hipoclorito de sódio, além de leituras instáveis ou aparentemente incorretas fornecidas pelo localizador foraminal eletrônico.

Diante de uma perfuração coronária subgengival intraóssea, quando não há contaminação, o selamento/preenchimento deve ser imediato. Inicialmente, procede-se à limpeza química e mecânica da área com hipoclorito de sódio em baixa concentração (0,5%) e curetas ou pontas ultrassônicas, respectivamente. Após secagem com cones de papel absorvente, realizam-se a aplicação e a compactação do material selador com espátulas de resina e/ou calcadores de tamanho compatível com o da perfuração.

Diversos materiais já foram utilizados para o selamento de perfurações coronárias subgengivais intraósseas, como amálgama de prata, cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, pastas de hidróxido de cálcio, cimento de ionômero de vidro, resina composta e SuperEBA – todos apresentam significativas limitações clínicas. O agregado trióxido mineral (MTA), desenvolvido na década de 1990, e outros materiais biocerâmicos mais recentes têm melhorado substancialmente o prognóstico de dentes acometidos por perfurações coronárias subgengivais intraósseas e radiculares (ver adiante). Isso resulta, sobretudo, de suas favoráveis características, como biocompatibilidade, capacidade de selamento, insolubilidade aos fluidos teciduais e estabilidade dimensional a longo prazo. Os mais recentes – Biodentine, MTA Repair HP, Bio-C Repair, NeoMTA e EndoSequence Root Repair Material – ainda apresentam vantagens como menor tempo de presa e maior facilidade de manipulação em comparação ao MTA.

https://ferrariendodontia.com.br/capeamento-pulpar/

https://www.youtube.com/watch?v=-9Ou54koUFg&t=11s

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