Preparo cervical na endodontia. Instrumentos rotatórios e reciprocantes, disponíveis no mercado brasileiro em 2022.
Preparo cervical in:
Brito et al. O Preparo cervical na endodontia contemporânea. Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 20, n. 3, p. 431-435, set./dez. 2021
O tratamento endodôntico representa a terapia que melhor se relaciona com as doenças que envolvem os tecidos pulpares e periapicais, visto que tem a finalidade de promover a limpeza e a modelagem do canal radicular, dando possibilidades para que o elemento dental se man-tenha em condições funcionais e estéticas na cavidade bucal (CHUGAL et al., 2017; MOORE et al., 2016).
Tradicionalmente, o acesso coronário e o preparo químico-mecânico seguem princípios que permanecem inalterados por décadas. Definido como a etapa inicial, o acesso compreende a remoção completa do teto da câma-ra pulpar, seguido da localização dos orifícios de entrada dos canais radiculares; o preparo químico-mecânico, por sua vez, visa promover a limpeza do canal radicular com o objetivo de esvaziá-lo (LOPES; SIQUEIRA, 2016).Previamente a essas duas etapas e contemplando princípios endodônticos tradicionais, o preparo do terço cervical e médio é realizado com a finalidade de remover as interferências localizadas na região cervical do canal radicular.
Dessa forma, haverá um favorecimento na pre-cisão da medida de comprimento do dente e um acessomais direto dos instrumentos endodônticos ao ápice (SANTOS; SCARPARO, 2020).Entretanto, sua realização tem sido associada a uma redução significativa da espessura dentinária, capaz de causar fraturas radiculares verticais (DUARTE, 2018). Visando a manutenção da dentina pericervical, principal responsável pela dissipação de forças provenientes da car-ga oclusal, acessos endodônticos minimamente invasivos (AEMI) têm sido propostos.
Assim sendo, a preservação da dentina, somada à incompleta remoção do teto da câmara pulpar promovida pelo AEMI, pode aumentar a resistência mecânica dos dentes tratados endodonticamente e evitar as fraturas radiculares (BÜRKLEIN; SHÄFER, 2015; CHLUP et al., 2017; OZYUREK et al., 2018).
No entanto, esses acessos podem complexificar a localização dos canais e prejudicar o preparo químico–mecânico da raiz distal dos molares inferiores, por exemplo (NOSRAT et al., 2015; SILVA; SILVA, 2019,). Todavia, para o preparo químico-mecânico em acessos mais conservadores, é recomendada a utilização de sis-temas reciprocantes.
Esses sistemas permitem que todo tratamento endodôntico seja realizado com apenas um instrumento, dispensando a etapa do pré-alargamento cervical (KIEFNER; BAN; DE-DEUS, 2013). Além disso, sua característica de movimentação em sentido anti-horário promove uma modelagem e limpeza do canal radicular de forma mais segura (PLOTINO et al., 2017)
Preparo cervical na endodontia.