Esta aula aborda os aspectos básicos das técnicas de irrigação na endodontia.
A irrigação na endodontia é a principal ferramenta para a resolução de problemas inerentes ao tratamento endodôntico: a difícil anatomia na região apical, com deltas apicais e canais e forame acessórios, e a necessidade de descontaminação microbiana e remoção do smear layer dessa área. Portanto, a irrigação é o passo mais importante e decisivo para o prognóstico positivo do tratamento.
Os recursos surgidos nas últimas duas décadas mudaram consideravelmente as técnicas de irrigação na endodontia e a fizeram muito mais eficiente nos seus objetivos principais: de limpeza, descontaminação e dissolução de tecidos. Dentre as diversas substâncias ativas utilizadas na irrigação destacam-se o hipoclorito de sódio, EDTA, clorexidina, ácido cítrico e o álcool. As substâncias inativas mais comuns, utilizadas na diluição dessas substâncias, são a água destilada, o soro fisiológico e detergentes. A grande mudança na irrigação na endodontia na verdade ocorreu com a chegada de agulhas mais finas, com saída lateral, para prevenção de acidentes, métodos de agitação da substância no interior dos canais radiculares, com a utilização de pontas ultrassônicas e recursos mecânicos e adoção de protocolos finais de irrigação buscando unir as propriedades de substâncias diferentes. Tais avanços fizeram, aliados às manobras de patência e alargamento foraminal fizeram com que houvesse uma descontaminação bem mais efetiva da região apical, bem como uma desobstrução bem mais efetiva dos canalículos dentinários por todo o sistema de canais radiculares.
Diversos trabalhos encontrados na literatura relatam a maior efetividade dessas técnicas de irrigação em relação aquela realizada de maneira tradicional. Porém, há diversos acidentes durante a irrigação relatados na literatura, portanto é necessário a adoção de práticas para que tais acidentes não ocorram, como realização de acesso cervical para escoamento dos irrigantes, a adoção de agulhas de irrigação com saídas na lateral, a atenção para não travar a agulha na região do forame durante a injeção, a não utilização de pontas plásticas para a injeção e o cuidado em regiões do forame com formação radicular incompleta ou reabsorções apicais.