Anestesia em pulpite de molares. Quais são os passos para a obtenção de uma anestesia segura em casos de pulpites em molares superiores e inferiores.
In: Cechin et al. Eficácia de técnicas anestésicas para o manejo de molares inferiores com pulpite irreversível: uma revisão de literatura. Revista da Faculdade de Odontologia de Porto Alegre, v. 64, e129137, jan./dez. 2023.
INTRODUÇÃO
A anestesia local é definida como a perda da sensação dolorosa ocasionada pela inibição do processo de condução nos nervos periféricos em uma região específica para o procedimento escolhido, sem que haja a perda da consciência. Na odontologia, a anestesia local está associada a altos índices de sucesso. No entanto, esta realidade não se aplica à anestesia de molares mandibulares irreversivelmente inflamados, aos quais se atrelam taxas de falha que variam de 43% a 83% diante da técnica usualmente utilizada. Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade de buscar condutas que aumentem a previsibilidade da anestesia de pacientes acometidos pela situação previamente descrita. Dentes afetados por pulpite irreversível são mais facilmente anestesiados quando se trata de dentes maxilares.
No entanto, dentes mandibulares dificilmente atingem anestesia pulpar na utilização de técnicas convencionais. Uma das possíveis explicações para a falha na anestesia dos dentes mandibulares está associada à inervação acessória desta região. Dentre os nervos acessórios, o que se destaca por gerar sensibilidade relacionada aos canais mesiais dos molares inferiores é o nervo milo-hióideo. Este nervo não está na região de depósito de solução anestésica na técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior (BNAI), sendo a técnica de bloqueio de Gow-Gates (GG) ou, então, a técnica infiltrativa por lingual as opções para que o nervo milo-hióideo seja afetado. A despeito de ser a técnica usualmente utilizada para a anestesia de molares inferiores, o BNAI, além de apresentar taxas significativas de insucesso, quando bem realizado, às vezes tem a capacidade de insensibilizar apenas o lábio, mas não a polpa de dentes com pulpite irreversível.
Desta forma, surge a pergunta: quais técnicas podem ser utilizadas para manter o paciente insensibilizado, promovendo uma consulta mais confortável? Assim, diversas opções têm sido estudadas a fim de controlar a dor desses pacientes, sejam técnicas para o bloqueio do nervo alveolar inferior, ou técnicas de anestesia complementar. No entanto, a inexistência, até então, de um protocolo efetivo e seguro obriga o cirurgião-dentista a criar seus próprios protocolos por tentativa e erro. Dentro desse contexto, o objetivo deste trabalho é revisar na literatura disponível as melhores técnicas anestésicas primárias ou complementares, para auxiliar o cirurgião-dentista a realizar, sem maiores intercorrências e desconfortos ao paciente, o tratamento endodôntico de urgência de molares mandibulares sob anestesia profunda e efetiva.
Anestesia em pulpite de molares